quinta-feira, 9 de abril de 2015

Lá chegaremos

"Mas sim, insistia Ann, correr era romântico; e não, claro que os amigos não entendiam porque nunca tinham entrado no esquema. Para eles, correr significava três quilômetros tristonhos, motivados exclusivamente por calças de ganga tamanho 36: sobe para a balança, deprime-te, mete os auscultadores, e trata do assunto. Mas não se lida com uma corrida de 5 horas dessa maneira; é preciso descontrair-se gradualmente, como deixar o corpo entrar aos poucos num banho quente, até que este já não resista ao choque do calor e comece a saboreá-lo."
Nascidos para Correr, Cristopher McDougall 

Quando comecei a correr, há sensivelmente quatro anos, era assim- como os outros. Não entendia o prazer da corrida. Num misto de desejo de emagrecer e capricho de quem ambiciona se ultrapassar, corria arrastando metaforicamente os pés. Começava a achar que não conseguia e continuava sempre a pensar no fim. Cumpria, apenas. Aos poucos e poucos fui sentindo. Fui percebendo. Passada a barreira do desconforto- o tal choque- sentia a alegria da liberdade, o orgulho da conquista, sentia-me bem. Dificilmente quem não o faz, percebe. Dificilmente entenderão porque saio de casa à noite, ao frio, à chuva e forço o meu corpo a enfrentar-se. Dificilmente perceberão porque impus a mim própria este e outros desafios. 
Lá chegaremos. 

"Para lá do limite máximo do cansaço e do sofrimento, poderemos encontrar reservas de força e tranquilidade que nunca sonharíamos ter; fontes de energia nunca antes minadas por nunca antes nos termos obrigado a ultrapassar o obstáculo." 
William James através de Scott Jurek.

1 comentário:

  1. Já vi que o livro fez p click.
    Nem todos compreenderão as palavras mas há outros que nunca saberão a que se referem!
    Obrigado pela partilha ando um pouco esquecido destas sensações

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